sexta-feira, 23 de novembro de 2012

As Telas e Elas

Paquero ela, ela dança Peggy Lee
Sem luz nenhuma acendo um Free
Quando eu a vi, vi muito mais
do que eu queria enxergar.

Que amor é esse que bateu em mim?
Na parede um quadro falso de Klimt.


Quem dera ela toda em mim a se tocar
Rompendo o teto todo, a telha e o luar
Quando me despi, rompi minha paz
De tudo sou capaz.

Que amor é esse que me causa um nó?
Da parede roubaram um Miró.

Pernas, pés, cabelos, peitos lindos que doem a íris
Meu erro, minha escravidão, meu violão, meu Ramirez.

Eu não quero mais viver assim
Eu não quero mais viver assim.

Ela pensa que me engana, deixo ela pensar
Daí não dura uma semana ela já quer voltar
Não só aceito e ainda me enfeito
Troco a fronha e o lençol.

Que amor é esse que irrompe o mar?
Na parede um traço Renoir.

Quem dera ela e mais duas pra misturar
A força que nos prende e solta faz delirar
Quando eu chorei, perdi e ganhei
E agora quem eu sou?

Que amor é esse que me faz querer?
Na parede um autêntico Monet.

Bordô, carmim, magenta, cerúleo, azul
Ciúme, desejo, medo, fogo, belo visu.

E eu não quero mais viver assim.


(As Telas e Elas - Composição: Ana Carolina)

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Venha, por favor...


     Eu espero alguém que não desista de mim mesmo quando já não tem interesse. Espero alguém que não me torture com promessas de envelhecer comigo, que realmente envelheça comigo. Espero alguém que não tenha medo do escândalo, mas tenha medo da indiferença. Espero alguém que ponha bilhetinhos dentro daqueles livros que vou ler até o fim. Espero alguém que se arrependa rápido de suas grosserias e me perdoe sem querer. Espero alguém que me avise que estou repetindo a roupa na semana. Espero alguém que nunca abandone a conversa quando não sei mais falar. Espero alguém que, nos jantares entre os amigos, dispute comigo para contar primeiro como nos conhecemos. Espero alguém que prove que amar não é contrato, que o amor não termina com nossos erros. Espero alguém que não se irrite com a minha ansiedade. Espero alguém que possa criar toda uma linguagem cifrada para que ninguém nos recrimine. Espero alguém que arrume ingressos de teatro de repente, que me sequestre ao cinema, que cheire meu corpo suado como se ainda fosse perfume.
          Espero alguém que não largue as mãos dadas nem para coçar o rosto. Espero alguém que me olhe demoradamente quando estou distraído, que me telefone para narrar como foi seu dia. Espero alguém que procure um espaço acolchoado em meu peito. Espero alguém que minta que cozinha e só diga a verdade depois que comi. Espero alguém que fique me chamando para dormir, que fique me chamando para despertar, que não precise me chamar para amar. Espero alguém que pinte o muro onde passo, que não se perturbe com o que as pessoas pensam a nosso respeito. Espero alguém que vire cínico no desespero e doce na tristeza. Espero alguém que curta o domingo em casa, acordar tarde e andar de chinelos, e que me pergunte o tempo antes de olhar para as janelas. Espero alguém que me ensine a me amar. Espero alguém que tenha pressa de mim, eternidade de mim, que chegue logo, que apareça hoje, que largue o casaco no sofá e não seja educado a ponto de estendê-lo no cabide. Espero encontrar alguém que me torne novamente necessário.

(Autoria: Fabrício Carpinejar)

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Preciso.

         Eu realmente não queria estar passando por isso, gostaria que as conversas fossem as mesmas e o tempo que podíamos conversar não fossem ocupados por divagações insólitas. Gostaria de deixar o orgulho de lado e voltar correndo para os seus braços. O que eu mais queria era seu abraço. Queria o seu “vai ficar tudo bem” e o “Nós vamos resolver isso, juntos!”. 
         Queria que você parasse de questionar se estou bem e percebesse o que eu sinto, já não quero mais ter que dar explicações. Queria que quando você finalmente percebesse, entendesse. Queria ver o seu sorriso e colocar uma foto nossa ao lado da cama. Queria cumprir as promessas feitas e fazer mais promessas. Eu queria muito que o que nós construímos até agora, se solidificasse ainda mais.
         Fomos amigos, cúmplices, amantes. Pessoas erradas entraram em nossas vidas e nos decepcionaram, nos tornando as pessoas erradas. Mas eu sempre estive lá te esperando. Sempre estive lá esperando que você abrisse os olhos. Sempre estive lá tentando consertar os nossos erros. Hoje, dou voz ao meu orgulho, mesmo sendo que ainda nos procuramos. Os sentimentos foram reais, não perdemos tempo. 
         Infelizmente já é tarde. Tarde para voltar com algo que já não nos pertence. Você era, você foi, o meu "Para Sempre". Você sabia, e ainda sabe tudo de mim. Você me ajudou a superar, me ajudou a melhorar. Você me reconstruiu, me tornou forte, diferente. 
         Peço-te, por favor, não volta mais. Segue o seu caminho e me deixa trilhar o meu. Você sempre terá o seu lugar guardado comigo, tão quente e tão próximo. Talvez eu nunca supere. Talvez eu nunca esqueça. Mas hoje, eu só preciso me encontrar.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Como era antes...

A verdade é que eu estou com saudade de um tempo que passou, de um lugar que não existe mais, de pessoas que vivem só dentro de mim. A verdade é que de agora em diante vai ser sempre um pouco assim e não é que eu esteja infeliz, é só que agora a minha felicidade se espalhou por aí e ficou, com certeza, muito mais difícil reuni-la inteira num lugar só. 

Eu te amo, sabe? Daquele meu jeito que você reclama, mas eu sei que, no fundo, gosta. Só que o meu amor não é só ternura, muito embora eu tente ser tão forte. Eu sou uma pessoa difícil, daquelas que sente muita raiva e que não leva a vida assim, tão leve.

O que acontece quando a gente ama mais alguém, além da gente mesmo, é que por mais seguro se tenha sido na vida, aparece aquela sensação de ter perdido tanta coisa, tanto detalhe e, no fundo, dá medo de não conseguir superar, entender, acompanhar.

Ainda estou me remontando o tempo todo, em algum outro lugar que eu não vejo, mas que meu coração sente. E tem aqueles cheiros que a gente sabe de olhos fechados, e mata a ideia de eu não ter feito parte de inúmeras recordações que dão aquela nostalgia boa e vem misturada com a vontade de poder voltar no tempo.

O futuro não me interessa, mas quero fazer parte dele, já que cada pensamento reapresenta um capítulo. Por muito tempo achei que a ausência fosse falta. E lastimava, ignorante, a falta. Hoje não à lastimo. Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim e sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, que rio e danço, e invento exclamações alegres, porque a ausência, essa ausência assimilada, ninguém a rouba mais de mim.

(Texto adaptado com trechos de um texto de Carlos Drummond de Andrade)

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Grande Axioma da Vida

Há uma história muito interessante, chamada “O Tesouro de Bresa”, onde uma pessoa pobre compra um livro que contém o segredo de um tesouro. Para descobrir o segredo, a pessoa tem que decifrar todos os idiomas escritos no livro. Ao estudar e aprender estes idiomas, começam a surgir oportunidades na vida dessa pessoa e ela, lentamente e de forma segura, começa a prosperar.

Porém, ela ainda precisa decifrar os cálculos matemáticos do livro, e é obrigada a continuar estudando e se desenvolvendo, aumentando assim a sua prosperidade. No final da história, não existe tesouro algum – na busca do segredo, a pessoa se desenvolveu tanto que ela mesma passa a ser o tesouro.

O ser humano que quiser ter sucesso e prosperidade na vida precisa aprender a trabalhar a si mesmo com muita disciplina e persistência. Observamos com freqüência algumas pessoas dando um duro danado no trabalho, porque foram preguiçosas demais para darem um duro danado em si mesmas. As piores são as que acham que só precisam dar duro de vez em quando, porque já fizeram muito no passado, podendo agora se acomodar.

Necessário se faz entender que o processo de melhoria não deve acabar nunca.
A acomodação é o maior inimigo do sucesso! Por isso dizem que a viagem é mais importante que o destino. O que somos acaba sendo muito mais importante do que o que temos.

A pergunta importante não é “quanto vou ter?”, mas sim “no que vou me transformar?” Não é “quanto vou ganhar?”, mas sim “quanto vou aprender?”. Tudo o que temos ou possuímos é fruto direto do que somos hoje. E se não temos o suficiente ou achamos o mundo injusto, talvez esteja na hora de revermos os nossos conceitos.

Determinadas atitudes vêm logo à mente. Alguns profissionais ou estudante passam horas por dia sentados atrás da mesa em suas salas de trabalho ou de estudos, sem nunca ler um livro ou se interessar por outros assuntos diferentes da sua rotina. Estão sempre assistindo à TV, ou reclamando do governo, do salário, dos professores, do tempo. Não entendem que podem tirar proveito da vida e se desenvolver mais do que são com simples atitudes e determinação.

Muitos, caso não acordem a tempo, continuarão sabendo (e fazendo) exatamente as mesmas coisas que sabia (e fazia) a vida toda. Mas estarão sempre insatisfeitos com a vida. Ninguém merece ganhar mais só porque reclama ou por inconformismo. É uma lei básica da natureza.

Ou aprendemos cada vez mais para evoluirmos, ou merecemos estar exatamente no lugar em que estamos, recebendo exatamente a mesma coisa.
Produz mais, vale mais? Ganha mais. Produz a mesma coisa? Ganha a mesma coisa. É simples. Os rendimentos de uma pessoa raramente excedem seu desenvolvimento pessoal e profissional. Às vezes alguns têm um pouco mais de sorte, mas na média isso é muito raro. É só ver o que acontece com alguns ganhadores da loteria, astros, atletas. Em poucos anos perdem tudo.

Alguém certa vez comentou que se todo o dinheiro do mundo fosse repartido igualmente com a população, em pouco tempo estaria de volta ao bolso de alguns poucos. Porque a verdade é que é difícil receber mais do que se é.

Como diz Jim Rohn, no que ele chama do “O grande axioma da vida”:
“Para ter mais amanhã, você precisa ser mais do que é hoje”.

Esse deveria ser o foco de toda nossa atenção. Não são precisos saltos revolucionários, nem esforços tremendos repentinos.

Melhoremos 1% todos os dias (o conceito de “kaizen”), em diversas áreas da nossa vida, sem parar. Continuemos, mesmo que os resultados não sejam imediatos e que aparentemente/superficialmente pareça que nada está melhorando. Porque existe ainda um outro axioma: o de não mudar. “Se não mudarmos quem somos, continuaremos tendo o que sempre tivemos”.

“Fazer as coisas certas e não certas coisas.”